sexta-feira, 8 de abril de 2011

Maternidade X Novo Milênio


1930 – Antonia, 14 anos, foi expulsa de casa. Se matou , pois dera à luz a um bebê e seus pais não aceitaram. Ela passou os nove meses apertando a barriga e ninguém percebeu. Em 1930 os pais não percebiam os filhos.

1950 – Alice estava com 15 anos e morria após um aborto feito nessas clínicas clandestinas.

1960 – Raimunda teve uma hemorragia séria pois enfiou talo de mamona na vagina para provocar um aborto e teve o útero perfurado.

Na década de 50 surgiu a famosa pílula anticoncepcional. Foi um marco. Início, bem início da libertação sexual da mulher. Pois daí por diante, poderia fazer-se amor a vontade, sem a culpa da gravidez indesejada.

Tudo bem, valia tudo. Transar, transar e transar, os pais não ficariam nem sabendo, que beleza! As casadas poderiam planejar a sua família de acordo com suas possibilidades.
Simultaneamente foram surgindo as publicações com temas variados, décadas após décadas. A mídia abrindo o “verbo”, colocando tudo à mostra.

Chegamos em fim a era da informática, onde a juventude acessa a tudo, onde qualquer pessoa pode buscar qualquer conhecimento. Já existe inúmeros métodos de anticoncepção e a informação vem de todos os veículos de comunicação, inclusive revistas especificamente para pré, adolescentes e jovens.

Lindo! Penso eu que nasci em 1956 e não tive acesso fácil às informações. Maravilhoso, fico eu pensando cá com meus botões. Esses jovens sabem tudo, falam abertamente uns com os outros, não têm mais que fingir o que não sentem. Não têm culpa por amar e serem amados, não precisam sabotar a sexualidade, podem agir com sabedoria e consciência. Porém, qual não é a minha estupefação quando vejo várias jovens de 13 a 17 anos grávidas, sem a menor condição de cuidar de sua vida, quanto mais cuidar com responsabilidade.

Essa responsabilidade tem aspectos psíquicos, físicos, espirituais e sociais. Sim isso mesmo, cada casal tem o dever de cuidar da criança que gerou, sobre os vários aspectos acima citados.
E o que vemos em pleno milênio novo, na nova era, no auge da informação? Meninas, por que com treze anos muitas têm até corpo de moça, mas cabeça de menina. Elas engravidam, por quê? Será que perderam a visão de futuro? Será que não brincaram de bonecas? Será não têm, não vem nem ouvem a mídia? Será que pensam o quê, essas jovens?

Não pensem que são só jovens economicamente carentes que passam por esta fase. As jovens de outras camadas sociais também passam por isso. Algumas não vão contar aos pais das crianças; outras não sabem exatamente quem são os pais; umas não querem casar, vão ter o bebê e criar na casa dos pais; umas querem casar, mas não têm condições e por aí vai. Cada caso tem uma solução adequada, arranjada para acomodar a situação.
Em tese, diminuíram os casos de abortos; os pais dos jovens estão encarando a gravidez com mais naturalidade pois consideram um mal menor diante de tantos hábitos que estão acontecendo com conseqüências sociais graves.
Mas o que está havendo com os jovens com tantos acessos? Por que se drogam? Por que não usam preservativos, visto que cresce as DSTS (Doenças Sexualmente Transmissíveis) Por que? Por que?

Penso que chegou o momento para voltarmos nossas atenções as pessoas desde tenra idade. Investindo numa educação voltada para a árvore e a floresta, uma educação voltada para o todo material e espiritual; uma educação “olho no olho”, ouvindo o inaudível, vendo e sentindo o invisível, ver a pessoa do físico contextualizando-a na existência na essência espiritual. Está na hora de explicar a responsabilidade espiritual de cada um, para que estas pessoas cresçam individualmente e na comunidade. Para que essas pessoas possam gerar vidas com luz própria dentro da universalidade.

Meus queridos, devemos saber que quem dá a luz tem a missão de cuidar para que ela não se apague neste universo conturbado.


Professora Tania Cris Pimentel
Reportagem publicada no “Jornal Insight”
Ano I – nº. 2 / Maio de 2002



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